Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Serenata
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Espaço para se dialogar
Para aqueles que são meus amigos e para os que não são, em breve abrirei um espaço para dialogarmos acerca de determinadas questões, sejam literárias, linguísticas, ou não... o que vai nos interessar é que teremos a oportunidade de discutirmos vários assuntos... aguardem...
sábado, 14 de março de 2009
Delírio
Nua, mas para o amor não cabe o pejo.
Na minha a sua boca eu comprimia
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
fremente, a minha boca obedecia.
E os seus seios, tão rígidos, mordia,
fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem! Num frenesi
No seu ventre pousei a minha boca.
- Mais abaixo, meu bem! Disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...
Olavo Bilac
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
MULHERES QUE AMAM DEMAIS
São aquelas mulheres que amam além da conta... MADA!
Vivem em crise existêncial, acometidas pelo ciúme arrebatador,
são possessivas e conscientes das suas condições neuróticas,
que tulmutuam o lar e a vida afetiva...
Tentam de todas as formas dominar e vigiar todos os detalhes
não medem consequências para exigirem dos seus amados o máximo
de atenção, além do seu limite e capacidade de doação!
Vivem a insistir na cobrança de redobrada atenção, carinhos e fidelidade
Se pudessem, até respirariam por ele... o seu amor.
Tornam-se submissas em todos os aspectos , no intuito de sentirem-se
penalizadas e abandonadas, mesmo cientes que apenas sufocam
mas, quando escutam o grito de alerta... "Para que não agüento mais"...
aí, conseguem entender que estão próximas do fim,
por ofertarem um amor excessivo, que em nada contribui
para o próprio crescimento interior, e muito menos do parceiro...
E então, quando decidem mudar o quadro...
"Sei que devo e preciso abrir mão desse amor tão doentio para que, como mulher e ser humano que sou, possa integrar-me à condição social de pessoa normal, equilibrada, e renovada... para isso terei que isentar-me das neuras, que me levaram ao fundo do poço!"
Diná Fernandes
Amopoesias
Publicado no Recanto das Letras em 13/02/2009
Código do texto: T1437477
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